Numa praia deserta... Mar calmo, areia fria, brisa pura. De pés descalços para o perigo, ao longe o horizonte calmo acalenta os olhos aflitos... As ondas combinam de darem idéias: uma vem ansiosa enquanto a outra apenas aponta timidamente a ponto de acordar os pés enxutos... Já não há sol que faça sombra, o que há é um vulto ao longe que vem chegando a passos lentos e sinuosos, passos que insultam, mas impede uma fuga súbita, pois desperta quereres... A noite colore a vida com brilhantes pingos no céu que nem sempre é azul. Um cenário de morte, de despedida do que não é mais que um momento perfeito que tem de passar... Finda um tempo antigo no ato de um abraço estranho, ele tem cara de futuro, presente que já chegou e sua quietude expulsa a solidão de está só apreciando uma breve passagem de ondas e brisas que foram sentidas, pois foi de olhos fechados que esse tempo se eternizou... Foi marca trazida aos poucos sem o susto que teria sido se fosse de repente à chegada... Agora o horizonte está sobre o reinado de uma lua solitária uma visão vista de baixo, pois na areia está deitada aquela que muito espera de uma noite que não se julga infindável, mas que não ver pressa pra passar... Uma lágrima agita-se como um andar de presa que foge do predador, mas não sai, está presa na mágoa de não poder ser dividida, entendida... Eis que a noite passou e enquanto passava rolou na areia aquela que um dia chorou por não saber ser só, dormiu na liberdade que ninguém sugere, presa que ninguém caça. Passou o tempo em que praia deserta servia de fetiches agora serve pra aquietar a alma independente da solidão do corpo... Passando a noite, daqui a pouco o novo tempo começa, mas enquanto ele não chega slides de memória retrospéctam um sentido falso buscado na madrugada festiva ou nos bares à luzes de neon, essa é a lágrima que não escorreu, pois ninguém sonha ao barulho de tambores nem, muito menos, sem sobriedade que permite o encontro contigo mesmo, porque em noite não deve estragar o dia seguinte.
fátima oliveira