Os mendigos saem do mundo do conseguirei e passam para o mundo do silencioso provável, se entregam às carências da alma para depois carecer das penas, mendigam antes por piedade e só depois por pão, sombras e vestes. A maior falta, a grandiosa pobreza da humanidade nunca foi só comida. Não é extraordinário falar de caridade, nem muito menos de amor, porém a miséria ainda não deu espaço para tais sentimentos, somos eternos mendigos de salvação, a todo tempo estendemos a nossa mão e nem assim! Suplicamos, choramos e nada! E o tempo cada vez mais nos faz querer, carecer, suplicar. Ao tempo já não resta mais tempo para amar, são tantas possibilidades visivelmente facéis, como parar na busca pelo que não se ver, pelo que não é técnico? Já é até vergonhoso admiti-se amando, afinal ninguém mais é bobo o suficiente para "isso"... há mais o que fazer! E por enquanto resultamos nisso aqui que somos, eternos apaixonáveis, mas disfarçados empresários e contadores do que é real, porém mendigos de amores. Só damos aquilo que temos ou só temos aquilo que damos?
fátima oliveira março 2011