Estiveram lá sós os dois, se olhavam de todos os modos... Encaravam-se os olhares, buscando ver onde se encontraram, em que momento aqueles olhos se alcançaram ou se perderam de tudo que já sabiam um sobre o outro. Quem disse o que disse certamente não viu o que ela viu. Quem a julgou nunca teve as mesmas chances como aquele que apenas a olhou de forma não curiosa, apenas carinhosa. Sem julgo, sem condenação. Era um avaliar de anseio apenas. Ambos nasceram de novo no instante em que um olhar ressuscitou uma parte abortada por tantos olhares ditadores de eternidades sem jeito. Todas as carências celebraram a novidade de ser significado, importância. Foi resgatado um valor seqüestrado nos cativeiros dos esquecimentos, sem precisar de passado, o presente é a escultura que os dois esculpiram no instante em que se olharam apenas como quem nunca se viram. Não tem segredo, mas também não há transparecia, senão, a de que as compreensões são indispensáveis para a vida que surge de insignificância como um mero olhar que nem descrito consegue ser.
fátima oliveira