Procuro por um papel em branco para rabiscar sobre uma historia que nem sei se deve ser escrita, procuro ainda personagens que representem um sonho que jamais chegará à dimensão da minha realidade, e busco, sobre tudo, uma borracha capaz de um dia apagar tudo o que me fez ou me fizer desistir, assim quando o livro estiver “acabado” só me restará uma certeza, nada jamais se comparará a minha capacidade de “amar pelo não amar” como quem acredita valer a pena sentir e acreditar que um dia não deve transbordar as vinte e quatro horas... Porque a maldição de uma ilusão não é maior que uma companhia que nunca fica, nunca supri, nunca está e que, por isso sempre se busca... A humanidade, assim como eu, já deveria ter abolido tudo que representa querer ser amado, devia já ter dado o braço a torcer que enquanto se perde tempo buscando um amor que não será jamais o suficiente para lhe fazer feliz, devia está oferecendo um sorriso pra aqueles que nunca te olharam na cara, distribuindo abraços pra aqueles que nem podem abrir mais os braços pra te devolver o mesmo abraço, devíamos ainda, abolir essa idéia absurda de que precisamos ser suficientemente capaz de mudar a vida do outro, sendo folha nova onde deverão escrever sua historia, é preciso saber que a reescrita a partir de outra pessoa será rabisco alheio, somos historias inacabadas, mas escritas com autonomia, ou rabiscos prontos, mas alheio a principal personagem, nós? Se a vida é encanto porque se é amado, eu ainda não fui ou ainda não enxerguei a graça.
Fátima oliveira.
OUTUBRO 2010