Alucina-me as lembranças de uma noite chuvosa aquecida pela companhia que induzia o frio, a ausência da dor que só a visão do impossível traz. No dia que cada minuto foi devidamente escrito só para amar. Os chuviscos embalaram as decisões da ida ao lugar certo no momento certo, tudo a favor de uma perfeição até então descrente, desiludida, porém sonhada. O tempo do temporal não durou o suficiente para que a ocasião “desse conta”, ainda havia muito a fazer! Cada recorte do tempo uma certeza de “já tá bom”, pois a credibilidade superava as expectativas. O cheiro de terra molhada incrementou a naturalidade da noite, nem precisava ser festa, dentro já era feriado universal, em êxtase nada foi dito, viver era ansiosamente preciso, esperado... Apenas fatos, concretudes que mais pareciam os sonhos já tantas noites ensaiados pelos desejos e pensamentos. E no fechar dos olhos o tempo voou, mas não levou o gosto que teve o beijo, nem o calor que trouxe as carícias... Deixou a certeza do querer, do que faz valer à pena querer, deixou à ilusão acesa, a espera alimentada no limite de saber sonhar.
fátima oliveira abril 2011